quarta-feira, 30 de abril de 2014

Diabetes, Alimentação e Econômia



Olá amigos!

Recentemente recibe de um dos integrantes de um grupo de discussão sobre alimentação que participo um artigo sobre o tipo de alimentação mais efetiva para pessoas com diabetes. A pessoa que me passou o artigo se chama Hilton de Sousa e vocês podem acessar seu Paleo Diário e ler coisas muito boas sobre o tema alimentação.

Bem voltemos ao artigo! O título do artigo é:

A randomized pilot trial of a moderate carbohydrate diet compared to a very low carbohydrate diet in overweight or obese individuals with type 2 diabetes mellitus or prediabetes [link]



O trabalho avaliou a influência de dois tipos de dietas sobre diferentes índices de saúde de pessoas com diabetes do tipo 2 ou pré diabetes. Uma das dietas era com ingestão
moderada de carboidratos, pouca ingestão de gordura  e contagem calórica [CARBO], exatamente como a dieta recomendada pela American Diabetes Association e outra com muito pouco carboidrato, maior ingestão de gordura e sem contagem de calorias [GORD], dieta também conhecida como Low Carb High Fat [LCHF].

Um das variáveis avaliadas foi o que é chamado de Hemoglobina Glicada [HbA1c], esta medida é importante para avaliação de diabetes ou pré diabetes pois ela reflete o quanto a glicose sanguínea esteve elevada durante os últimos 3 meses e é considerada uma forma efetiva para avaliar alterações relacionadas com o diabetes, principalmente quando combinada com outros exames [ref1, ref2 e ref3].

Após 3 meses o grupo GORD teve uma redução significativa nos valores de HbA1c, enquanto o grupo CARBO não apresentou alterações nessa variável. Na média as pessoas do grupo GORD reduziram a HbA1c de 6,6% para 6%, isso significa deixar de ser diabético para entrar na classificação pré-diabético [veja classificação aqui]. Já o grupo CARBO manteve a média de 6,9% durante todo o estudo.

Além disso, dos 12 indivíduos do grupo GORD, 7 deles pararam de usar medicação para diabetes, já no grupo CARBO somente em 2 indivíduos, dos 13 que faziam parte do grupo, interromperam a medicação. Isso significa que se um diabético passar a usar uma dieta rica em gordura natural dos alimentos e pouca quantidade carboidratos, principalmente os grãos, ele tem uma chance 58% de parar de usar remédios, enquanto se ele seguir a dieta recomendada pela maioria dos médicos e nutricionistas terá 15% de chance de para de usar medicação. 

Em relação a redução de peso o grupo CARBO teve uma redução média de 2,6 kg e o grupo GORD 5,0 kg, ou seja o dobro.

Os resultados desse trabalho sugerem que uma dietas com muito baixa quantidade de carboidratos são capazes de mudanças positivas no controle glicêmico no diabetes tipo 2, reduções ou interrupções no uso de medicamentos, assim como redução de peso.

Outro estudo nesta mesma linha realizado durante 1 ano mostrou que somente uma dieta com redução de carboidratos é capaz de gerar alterações positivas na saúde cardiovascular e no controle glicêmico de diabéticos quando comparada com a dieta recomendada pela American Diabetes Association.

Essas mesmas conclusões podem ser vistas em outros trabalhos:

The effect of a low-carbohydrate, ketogenic diet versus a low-glycemic index diet on glycemic control in type 2 diabetes mellitus






Eu poderia citar mais artigos sobre esse tema com as mesma conclusões!

O que realmente me intriga é o fato de apesar de todas as evidências científicas as recomendações alimentares para diabéticos não levam em consideração essas informações. Como pode ser visto nas recomendações do Ministério da Saúde. A manutenção dessa abordagem não gera resultados efetivos no tratamento do diabetes e pode fazer diabéticos terem sérias complicação, como as que são descritas abaixo por uma colega nutricionista:

Meu Avô com DM1 seguindo orientações médicas e de nutricionista conseguiu de brinde uma amputação, cegueira e início de DM2. A alimentação? Rica em integrais, frutas, legumes e verduras, mas muito pouca gordura saturada. Óleo de cozinha PODE...isso falando superficialmente. Minha avó, mulher dele, segue o mesmo caminho e é obesa mórbida. Mesmo comendo pouca gordura, após descobrir a DM2, só engorda mais e mais e é extremamente compulsiva. Mas a nutri dela disse que se der fome, um pão integral vai bem. Meu avô faleceu em decorrência das complicações causadas pelo diabetes. e minha avó, com problemas do coração agora, pois o mesmo não acompanhou o crescimento dela.
E mesmo assim, quando explico isso para algumas colegas, fico sendo a LOUCA nutricionista, que não entende os benefícios da nutrição funcional. Mas sou a única delas, que já conseguiu tirar a metformina da vida de alguns pacientes.

Sério pessoal! Alguém pode me explicar por qual motivo as recomendações oficiais sobre alimentação para diabéticos ainda continuam prescrevendo os alimentos que somente pioram o estado de saúde dessas pessoas?

Vou explicar por qual motivo acho que isso ainda acontece. Claro! Isso que segue é a minha opinião atual e não é capaz de englobar todos os fatos existentes sobre o tema, mas acho que faz sentido.

Não é irresponsável afirmar que muitas corporações econômicas financiam pesquisas e talvez dessa forma possam manipular seus resultados ou demitir pesquisadores caso os resultados dos estudos contrariem interesses econômicos. Como exemplo disso podemos citar o caso da cientista do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Clair Patterson, que foi responsável pela identificação da idade de terra, cerca de 4,5 bilhões de anos. Para que seu trabalho pudesse ser concluído ela descobriu que teria que criar um ambiente para estimativa da idade das pedras livre de chumbo e isso foi muito difícil já que devido produção de gasolina com chumbo e contaminação ambiental com essa substância é grande. Isso levou Patterson a também pesquisar sobre os perigos do chumbo e assim ela passou a ter "inimigos poderosos" e os financiamentos para suas pesquisas despareceram. Leia mais sobre isso aqui.

Isso nos leva a possibilidade de dizer que o poder econômico pode determinar as "recomendações científicas" sobre determinado assunto.

Leiam sobre a importância econômica do trigo para o Brasil na palavras do economista Luis Nassif:


O cereal é produzido em cerca de 133 mil propriedades rurais no Brasil, constituindo um sistema que envolve 800 mil pessoas, segundo pesquisas do gênero. O país possui uma área propicia para a produção de 12 toneladas de trigo, considerando o tamanho da região utilizada para o cultivo do alimento, no entanto, a produção anual nem sempre atinge essa estimativa. Os investimentos na produção fizeram do Brasil uma referência mundial, devido ao grande rendimento das lavouras, cultivado desde o sul do país até a região do cerrado. 
Os estados da Bahia, Minas Gerias, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal é onde a produção está concentrada, as condições climáticas são favoráveis constituída de estações bem definidas, a quente, seca e chuvosa, além de temperaturas amenas, o que colabora para o plantio do trigo. O cultivo é praticado de duas maneiras nessas regiões: o irrigado e o sequeiro, resultando em duas safras ao ano. A primeira é uma técnica que oferece poucos riscos, o rendimento da plantação é alto, implicando em maior produtividade das lavouras de trigo. A segunda forma de cultivo do cereal é realizada entre os meses de fevereiro e março, depende da quantidade de chuvas e é uma técnica que proporciona a melhor cobertura do solo. O plantio direto é forma sustentável de cultivar o trigo, contribuindo para a fertilidade do solo.
O país possui um grande potencial de expansão do consumo de trigo, os índices de crescimento estão evoluindo de acordo com o aumento populacional. A produção do cereal impulsiona parte da economia do Brasil, sua importância na produção de alimentos justifica a pretensão de futuros investimentos no seu cultivo. Por isso, o Brasil deve manter seus investimentos para fazer do trigo uma das principais e mais rentáveis culturas do país.

Notícia de 20 de março de 2014:


Brasil pode colher a maior safra de trigo da história em 2014/2015



A justificativa econômica me parece muito melhor para embasar a recomendação do  Ministério da Saúde de que os diabéticos devem evitar gordura natural dos alimentos e ter como maiores fontes de alimentos os carboidratos, onde a grande maioria tem origem no trigo.

As informações científicas sobre o melhor tipo de alimentação para diabéticos levam na direção oposta, a questão é: Qual caminho seguir? Eu escolho o caminho da ciência!

Sugestão de leitura: Barriga do Trigo - William Davis

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com



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